terça-feira, 12 de novembro de 2013

Parece que estou sempre triste.

     Há alturas em que a vida está de tal forma estagnada que nos parece um tédio. Nada de novo, nada de emocionante, o trabalho é uma porcaria, o dinheiro é cada vez mais escasso e ficamos por aqui.
     Depois há aquelas fases parvas em que tudo acontece. Estar sem trabalho é deprimente mas acabamos por fazer outras coisas: cursos, formações, tiramos a carta de condução, aprendemos coisas novas e conhecemos pessoas novas. Ganhamos inspiração para seguir o nosso sonho e imaginamos o mundo colorido, como quando tinhamos 5 anos.
     Entretanto morrem-nos familiares chegados, e no meu caso foram 2 com pouco tempo de diferença.
Não consigo explicar o turbilhão de tarefas e obrigações que temos de fazer por entre tanta tristeza e angustia. Temos um dever a cumprir e temos de o fazer dê lá por onde der.

     Depois vem um periodo de paz podre. Em que temos tanto para tirar cá de dentro e não sai de maneira nenhuma. Porque se dividirmos estamos a pôr o outro triste, porque temos de parecer estar bem para evitar as tipicas perguntas e o olhar de pena dos demais. Porque estamos cansados de dizer o mesmo e não conseguir tirar de dentro de nós um sentimento tão negro que por muito que se desabafe, não sai de dentro de nós. Um buraco escuro que cresce sem a gente dar conta, como quando acompanhamos o crescimento de uma criança: o tempo vai passando e sobre os nossos olhos atentos, eles crescem e e gente não vê. E de repente, alguém que não olhou o tempo todo diz: "Estás tão crescido!"
     É mais ou menos assim que cresce aquilo que não queremos ver nem ter, não queremos dar nome, e que se não nos afastarmos de nós mesmos para ver com outros olhos, não conseguiremos ver que é um gigante que nos está a consumir de dentro para fora. E quando passamos o dia com um nó na garganta e a força que usamos para reprimir as lágrimas já nunca é suficiente, está na altura de pôr tudo em perspectiva. E se até o nosso sonho já nem nos enche o coração... algo está mal.
Onde é que se colocam os pensamentos e sentimentos que não queremos? Há um ecoponto para tudo, também deveria haver um para isto.
Something's wrong with me.


Esta foto é de há 2 anos. Adoro-a tal como adoro o mar.

Este ano tirei algumas por gosto, outras a trabalho, que ainda não consegui terminar.
Nunca tinha tido de editar o retrato de uma pessoa muito querida, pouco tempo depois do seu falecimento.
Editava, chorava, parava.
Recomeçava, chorava, parava.
E foi assim que editei uma foto que não queria editar e que acabou por não ser utilizada. E o mais triste é que por vezes é mais fácil escrever o que sentimos num lugar público onde estamos expostos a estranhos, sabendo que há uma forte probabilidade de aqueles que realmente importam não terem conhecimento do que realmente sentimos.